segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O cliente tinha um programa fora do comum, queria uma casa que fosse lar e queria que o lar fosse um palco das memórias familiares. Encontrado o sítio, uma propriedade rural de pequena dimensão, com umas ruínas interessantes, começou o longo processo de conceptualização do projecto.
Um palco de memórias familiares não é um processo facilmente diferenciável. Poucos Arquitectos o executaram. Muitos o fizeram para programas institucionais, museus, centros culturais, etc., mas para uma família, com todas as suas vicissitudes, só conheço um Arquitecto onde me pudesse referenciar.
Fernando Távora, para além de ser um fabuloso Arquitecto, tinha um reportório de cultura, pessoal e familiar, que lhe permitiu realizar algumas obras, das quais destaco a casa em Briteiros, que respondiam a esse programa. Por vezes a obra arquitectónica não se deve orientar pelo imediatismo. Por vezes a obra deve manter-se a flutuar no caldo de cultura que são a complexidade da memória e das referências, nesse sentido a obra, projecto, devem manter uma característica intemporal. O projecto que vos vou passar a mostrar procurou esse fim, passar discreto entre a bruma dos tempos.

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